ENTREVISTA
COM JIM COLLINS, editor
de fotografia da agência
Associated Press
IMPRENSA - No dia
11 de setembro de
2001, como o time
da AP organizou a
cobertura dos ataques?
Todos os repórtres
foram ao local? Qual
foi o impacto emocional?
Jim
Colliins -
A cobertura da AP
naquele dia não
foi muito organizada,
ela foi responsiva.
No departamento de
fotografia, nós
estávamos aptos
a redirecionar os
fotógrafos
que estavam cobrindo
o New Yor Fashion
Week, que acontecia
em Manhattan. Eles
deixaram o evento
de moda e chegaram
até as torres,
em chamas, de metrô,
ainda na primeira
hora depois do ataque.
Nós ainda demos
sorte de ter dois
fotógrafos
na cidade, cobrindo
o aberto de tênis,
que terminou um dia
antes dos ataques.
Haviam
muitos outros jornalistas,
como eu, que tiveram
de entrar em ação,
mas que normalmente
trabalhavam como editores.
Era meu dia de folga.
Mas assim que eu soube
que os aviões
tinham atingido as
torres, agarrei minha
câmera e fiu
até a fonte
do Brooklyn –
que fica perto do
meu apartamento –
de onde eu tinha uma
clara visão
das duas torres queimando.
Eu fiz uma série
de fotos e, na hora
que a Torre Sul veio
abaixo, eu deixei
minha posição
e fui para a redação,
sem nunca imaginar
que a Torre Norte
também viria
abaixo.
Qual foi a
maior dificuldade?
Provavelmente, o maior
desafio foi a logística.
A coordenação
estava perto do impossível,
na medida em que a
maioria dos telefones
celulares não
funcionavam. Não
era possível
transmitir as fotos
e os fotógrafos
tinham de vir até
a redação
para enviá-las.
O acesso ao local
do acidente também
era outra questão,
já que a polícia
limitiou o perímetro.
E o verdadeiro perigo
para os jornalistas
não podia ser
subestimado, e muitos
se viram correndo
dos detritos, assim
que as torres caíram.
Como
foi a demanda pelo
material da AP?
A
demanda foi alta,
em todo o mundo, e
a AP pode entregar
esse conteúdo.
Houve alguma
diretriz ou restrição
quanto às imagens
que podiam ou não
ser exibidas?
Houve
uma considerável
discussão sobre
muitas imagens, incluindo
a de Richard Drew,
a famosa “Falling
Man”. A decisão
de transmitir aquela
foto (de um homem
em queda livre, que
provavelmente se jogou
do edifício)
There was considerable
discussion about several
images, including
Richard Drew’s
famous “Falling
Man.” A decisão
de transmitir aquela
foto não foi
fácil. Mas
a imagem era fascinante
e essencialmente para
entender aquela horrível
decisão que
algumas pessoas tiveram
de tomar – sabendo
que iriam pular para
a morte ou serem queimados
vivos.
Naquele momento, como
foi o uso da internet
para fazer a cobertura?
Comparando
com os dias de hoje,
a internet era um
fator menor. Ela ainda
estava na infância.
Predominantemente,
a cobertura foi feita
pelos veículos
impressos e pela TV.
Naquele
dia, como foi buscar
as informações
sobre o que acontecia,
oficiais ou extra
oficiais?
A
informação
estava muito lenta,
mas foi chegando ao
longo do dia. Houve
significativo uso
do jornalismo-cidadão,
com muitos espectadores
contribuindo imagens
pessoais. Esta tendência
tem crescido exponencialmente
desde aquele dia.
Você
poderia contar alguma
história que
o time de reportagem
viveu naquela data?
Uma
das melhores histórias
envolvem o veterano
de guerra e fotógrafo
Marty Lederhandler.
Marty, que tinha 84
anos na época,
estava há três
meses de sua aposentadoria,
depois de uma carreira
de 66 anos na AP.
Ele produziu duas
das mais icônicas
fotos: a primeira,
uma com as torres
ainda em chamas, com
o Empire State ao
fundo; a outra foto
mostra a reação
das mulheres que estavam
na escadaria da Catedral
de St. Patrick, com
as bocas abertas e
o olhar em direção
ao local do World
Trade Center. No começo
da carreira, LederHandler
serviu o exército
estadunidense na Normandia,
em 1944, durante a
Segunda Guerra Mundial.
Ele dizia que era
a única história
que podia ser comparada
ao Dia D. Marty Lederhandler
morreu em 2010, aos
92 anos.
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