“O maior temor de todo repórter é
o que você não sabe. A fonte que você
não contactou. O telefonema que você não
respondeu. O trecho final do documento que você
não leu. A busca eterna. Isso ocorre o tempo
todo”.
As
palavras são de Bob Woodward, o jornalista do
Washington Post que, com Carl Bernstein, desvendou
o que ficou conhecido como o Escândalo de Watergate
que levou à renúncia do Presidente Richard
Nixon na década de 70.
Novas
tecnologias, novos produtos jornalísticos e novas
abordagens podem vir ou ir, mas os princípios
do bom jornalismo que guiaram repórteres como
Bob Woodward continuam os mesmos, incluindo um elemento
essencial: a fonte.
Na
edição deste ano do Mídia.JOR,
vamos focar nessa fonte eterna do jornalismo: de onde
vem, como mudou com o tempo, os princípios éticos
e legais de uso de fontes e como protegê-las,
quem usa quem – a fonte ou o jornalista? -, o
relacionamento entre profissionais de relações
públicas e jornalistas, o risco de projetarmos
uma visão limitada do mundo ao limitarmos nossas
fontes e muito mais.
E vamos também discutir oportunidades e desafios
que o mundo digital criou e ainda está criando
para o jornalismo e suas fontes. De como lidar com influencers
e jornalismo via Twitter ou Instagram ao uso de tecnologia,
incluindo inteligência artificial, para aprimorar
o jornalismo.
.
Bebendo
na fonte
Começaremos
a discussão com uma live em parceria com
a TV Cultura no dia 6 de junho, a partir
das 14h30, para discutir o papel das
fontes no nosso jornalismo hoje e o futuro num
cenário de redações cada
vez menores e novas tecnologias como inteligência
artificial vistas com bastante suspeição
por jornalistas e editores.
Participação:
Ana Carolina Moreno (TV Globo), Gisele Lorenzetti
(LVBA Comunicação), Jamile Santana
(Escola de Dados), Marcelo Soares (Lagom Data),
Marina Dias (The Washington Post), Leão
Serva (TV Cultura), Lucia Santaella (PUC-SP) e
Lúcio Mesquita (Curador).
Apresentação:
Rodrigo Piscitelli (TV Cultura)
A
fonte como o motor do jornalismo investigativo
Se
a fonte é o ingrediente mais importante
de qualquer reportagem, ela é mais que
importante, ela é essencial para o jornalismo
investigativo. Melhor, elas são essenciais
porque o bom jornalismo investigativo, rigoroso
e cuidadoso, exige muito mais do que apenas uma
fonte.
Para
entendermos o papel das fontes, os riscos e desafios
encontrados, e como o jornalismo investigativo
usa fontes tradicionais e alternativas para obter
e confirmar informações, o curador
do Mídia.JOR, Lúcio Mesquita, conversou
com Chrissie Giles, que é
editora assistente do Bureau of Investigative
Journalism (TBIJ), a maior redação
independente de jornalismo investigativo do Reino
Unido. Giles está no TBIJ desde 2020, quando
chegou para lançar a editoria de Saúde
Global, responsável por várias investigações
premiadas sobre questões como cadeias de
fornecimento de remédios, negociações
de contratos para vacinas, o mercado de oxigênio
para uso médico, e as táticas de
marketing e lobby dos grandes produtores de cigarro
em todo o mundo. Antes de se juntar ao TBIJ, Giles
trabalhou como escritora e editora em publicações
e organizações que incluem a revista
Nature e o Wellcome Trust.
A
fonte secreta
Para
muitos, a relação entre a fonte
e o jornalista é tão sagrada quanto
as convenções que protegem o padre
e o fiel no confessionário. Mas a lei realmente
protege o jornalista e, consequentemente, a fonte,
ou isso é mais coisa de filme do que a
realidade? E até onde vai a proteção?
Ou como evitar ser manipulado pela fonte, no lugar
de expor algo de relevância para a sociedade?
E um veículo de comunicação
ou jornalista está protegido dos riscos
de processos por calúnia ou difamação
se citar onde a notícia foi dada em primeiro
lugar?
As
questões legais em torno das fontes e do
jornalismo, em geral, são muitas vezes
complexas e com um bom grau de nuances. Para buscar
entender melhor o que pode ou não pode
e o que jornalistas devem considerar antes de
se engajarem com fontes, principalmente as que
necessitam de anonimato, o curador do Midia.JOR,
Lúcio Mesquita, conversou com o André
Marsiglia Santos, advogado especialista
em liberdade de expressão e liberdade de
imprensa, começando pela questão
da proteção da fonte – ela
existe na legislação brasileira
ou não?
Por
Gabriel Priolli
CONTAMINAÇÃO DE MANANCIAIS
"Beber
nas fontes" é uma rica metáfora
para a ação mais básica do
jornalismo, que é a de abastecer a si mesmo
de informações, para entender as
circunstâncias e o porquê dos fatos,
e poder comunicá-los ao público.
A imagem alude ao ato humano primordial, o de
colher o líquido vital na mais pura origem
possível, o afloramento, o veio de rocha,
de onde ele brota intocado por qualquer impureza.
Fonte não é riacho, nem rio, nem
poça, nem lago. É o bebedouro virginal,
onde se pode sugar a água — ou a
informação — mais fresca,
límpida e descontaminada.
Metáfora
generosa, como se vê. Ilusória desde
sempre, como se sabe. Porque, ainda que fresca,
a informação pode vir turvada de
interesses e infectada de subjetividade, inclusive
do próprio repórter encarregado
de colhê-la. E é assim, com mais
ou menos impurezas, que ela chega ao público
desde que o jornalismo existe, bem antes de surgir
a imprensa, dela se industrializar e depois tornar-se
eletrônica. Muito mais agora, em que o jornalismo
se dilui no caldo grosso da comunicação
digital, dissolvente de todo o conhecimento que
ele adquiriu, das práticas que consagrou
e dos valores que instituiu, na atividade de noticiar.
Faz
tempo que o jornalismo brasileiro não bebe
direto das fontes. Bebe mais do que vem engarrafado
ou canalizado. Há poucas décadas,
quando a mídia impressa estava no centro
da galáxia informativa, a eletrônica
gravitando em torno dela, ainda havia repórteres
nas ruas. Saíam para observar os fatos,
ouvir testemunhas, entrevistar autoridades face
a face, colher presencialmente o material para
notícias. Mesmo que avançasse o
jornalismo segmentado (oficial, empresarial, sindical,
partidário etc.), multiplicando os veículos
para a expressão direta de setores sociais,
ele não rivalizava com a grande imprensa,
o mainstream de produção jornalística.
A maior parte do trabalho dos assessores de imprensa
era intermediar o contato de seus clientes com
os veículos principais. Bem mais do que
produzir o jornal ou boletim corporativo, que
ele também enviava às redações,
mas sabia ser pouco lido e nada utilizado.
Então
veio a internet e com ela, vieram os sites de
todas as organizações. Logo depois,
os blogs e as redes sociais. Toda e qualquer fonte,
do estado e da sociedade, do figurão ao
cidadão comum, ganhou seu próprio
canal de difusão. Todas prescindiram da
imprensa para se comunicar, fazer sua mensagem
circular. Os recursos publicitários foram
drenados para os meios digitais e as redações
jornalísticas diminuíram. Sair em
reportagem tornou-se custoso e o repórter,
antes um nômade profissional, sedentarizou-se.
Hoje colhe notícias pelo computador e apura
detalhes pelo celular, apenas trocando mensagens
com as fontes, porque telefonar está fora
de moda. Isso, quando não transcreve simplesmente
o que a fonte disse no Twitter ou no Tik-Tok.
Escapa
um pouco disso o repórter de televisão,
porque tem de ir à rua para gravar imagens
dos fatos e trazer entrevistas. Mas chega aos
locais com a sua pauta tão previamente
produzida, tudo tão acertado com as fontes
e suas assessorias, que não se pode dizer
que ele apure informação. O que
mais faz, como os colegas das outras mídias,
é colher e reproduzir versões. Investigar
mesmo é prática em extinção.
Os grandes furos jornalísticos do presente
não vêm mais de escavação
pertinaz, mas de vazamentos, em geral interessados.
Entrevistar não é mais inquirir,
apertar, buscar contradições. É
colher aspas, declarações.
Agora,
para complicar de vez, chegamos à Inteligência
Artificial. Não apenas as fontes falam
o que querem em meios próprios, dispensando
a imprensa sempre que desejarem, como sequer sabemos
se são elas esmas falando. Se não
é um texto algorítmico, uma voz
sintética, uma imagem virtual que tomamos
por humanos e damos crédito.
Beber
nas fontes tornou-se coisa arriscada, em tempo
de águas turvas. A primeira condição
para sanitizar a prática é refletir
sobre o que contaminou e o que pode controlar
a emissão de poluentes.
*Gabriel
Priolli foi diretor-executivo e diretor de redação
da Revista IMPRENSA entre 1987 e 1991. Atualmente
é consultor de comunicação.
A
fonte da juventude
A
chegada de produtos de inteligência artificial
generativa como o ChatGPT deixou as redações
tanto animadas como preocupadas.
O
potencial que a IA generativa tem para ajudar
o jornalista é enorme, mas ela também
pode criar enormes problemas, especialmente como
uma fonte importante que esconde as suas próprias
fontes. E a tecnologia pode levar donos de redações
à tentação de terem conteúdo
totalmente gerado por IA para reduzir custos.
Machine
Learning e IA não são novidades,
mesmo nas redações. Já usamos
as tecnologias, muitas vezes sem nem sabermos,
nas buscas de informação, no uso
de corretores ortográficos e gramaticais,
na transcrição de vídeos
e áudios e muito mais. Mas não há
dúvida de que o uso dessas tecnologias
deverá explodir nos próximos meses
e anos – e temos que saber quais são
as possíveis consequências, boas
ou ruins.
A
jornalista Laura Ellis, que ocupou
cargos editoriais importantes na BBC de Londres,
fez uma daquelas raras mudanças de rumos,
da redação para uma equipe de tecnologia.
Hoje trabalha com a equipe tecnológica
da empresa de comunicação pública
britânica, responsável por pesquisar
e analisar o que está por vir em termos
de tecnologia e suas aplicações
dentro das redações e das unidades
de produção de rádio, tv
e conteúdo digital. Laura também
representa a organização em grupos
internacionais que lidam com temas complexos no
mundo digital, como fake news, transparência
no jornalismo e, claro, questões éticas
ligadas à inteligência artificial.
Em
entrevista ao curador do Mídia.JOR, Lúcio
Mesquita, ela cobriu uma gama de áreas,
novas tendências e, claro, as oportunidades
e riscos que as novas tecnologias trazem com elas.
Sempre mantendo um bom grau de otimismo sobre
o futuro.
Por
Fabio Rubira
ANTIGAMENTE A FONTE TINHA NOME
Aos
75 anos, Ricardo Kotscho se aproxima
de uma atuação de seis décadas
no jornalismo com passagens em praticamente todos
os principais veículos da imprensa brasileira.
Foi repórter, repórter especial,
correspondente internacional, editor, chefe de
reportagem, colunista e diretor de jornalismo.
Atuou como assessor de imprensa nas campanhas
de Luiz Inácio Lula da Silva e de 2003
a 2004 foi secretário de Imprensa e Divulgação
da Presidência da República. Em 2008,
foi um dos cinco jornalistas brasileiros contemplados
com o Troféu Especial de Imprensa da ONU,
além de conquistar quatro prêmios
Esso de Jornalismo.
Nesta conversa com IMPRENSA, ele reforçou
as críticas aos recorrentes usos de fontes
anônimas pelos profissionais de diversas
editorias, principalmente na TV.
O que mudou, pela
sua experiência, no contato com as fontes,
levando em consideração o advento
do jornalismo de dados, a Lei de Acesso à
Informação, uma série de
recursos que antigamente não existiam nas
redações?
Mas esse
é o maior problema. Antigamente não
havia essas fontes anônimas, que é
a grande praga da imprensa brasileira hoje. As
pessoas escrevem o que querem e atribuem a fontes
anônimas. Quer dizer, o cara pode escrever
qualquer coisa e ninguém é responsável
pelo que sai. Nem quem escreveu e nem a fonte,
porque não é identificada.
Na área militar, por exemplo, nenhum deles
tem nome. Nem da ativa, nem da reserva. Todo mundo
escreve sobre os militares, que os militares acham
isso ou aquilo, e não tem o nome de ninguém!
O militar da ativa tem limitações
para dar entrevista, mas os da reserva não.
E nem os da reserva eles põem o nome.
Você assiste programa de televisão
e durante horas todos os comentaristas falam de
fontes, que apuraram junto a fontes, a interlocutores,
e não aparece o nome de ninguém!
É um negócio absurdo isso.
Antigamente a fonte tinha nome. Eu tinha as minhas
fontes e todas eram identificadas.
E aí tem outro problema que é a
fonte viciada. O repórter que sempre ouve
as mesmas fontes e ouve as mesmas respostas.
Isso
acontece mais no noticiário político?
E econômico
também. Ali é o pensamento único,
quer dizer, todo mundo que vai falar sobre juros
vai defender o cara do Banco Central. Não
tem um contraditório.
É um negócio absurdo. Isso em todas
as televisões, porque eu vejo muito noticiário
na TV. Sempre falam todos a mesma coisa. E todos
apuram anonimamente.
É engraçado que eles ficam o dia
inteiro no estúdio. Eu queria saber que
horas eles apuram.
Eles recebem o prato feito, recebem por WhatsApp
as informações que interessam para
a fonte.
Seriam
offs inventados?
Não são inventados. É
falta de responsabilidade. A fonte chega para
você e fala: vou te dar uma informação
em off. Ou então o repórter liga
e já fala que é tudo off. Aí
a fonte fala qualquer coisa.
É uma promiscuidade entre jornalistas e
fontes. Isso vale para economia, política,
para militares, vale até para o futebol!
Até no futebol agora tem informação
em off.
E
qual é a solução?
Seria as chefias
de redação, os editores, pedirem
para identificar as fontes. É claro que
há exceções, mas hoje a exceção
virou regra. Você pode ter uma informação
em off e não dar a fonte, é um direito
que o jornalista tem. Mas não pode toda
matéria, todo dia, ser só com fontes
anônimas. Isso tem que ser cobrado pelas
redações.
No caso do Watergate, a identificação
do "Garganta Profunda", a fonte anônima
mais famosa do jornalismo, só foi revelada
décadas depois, quando o ex-chefe do FBI
Mark Felt acabou identificado.
Exatamente. Mas aquilo foi um caso excepcional,
não do dia a dia. Hoje qualquer funcionário
de embaixada é citado como fonte: "Eu
apurei junto a embaixada americana que não
sei o que...". Porra! O cara não tem
nome, não tem cargo?
O
senhor é um mestre para todos nós
como repórter. Mas também teve a
experiência do "outro lado do balcão"
no primeiro governo Lula. Como foi servir de fonte
ou estar entre elas?
Eu
adotei o seguinte método de trabalho: procurar
sempre dar as informações corretas,
em on, quando jornalistas me procuravam. Eu falava
isso para eles, que era em on, para me identificarem.
Porque no governo tem muito isso, todo mundo fala,
mas em off. E eu não, eu falava em on.
E se eu não tinha informação,
eu ia atrás, como repórter, procurar
saber do presidente, do ministro, uma resposta
para aquilo que o repórter me trouxe.
Mas é que geralmente os repórteres
já chegam e falam para conversar em off.
Eu falava que não e eles não gostavam
disso. Eles queriam informação exclusiva
em off. E eu respondia que não tinha.
Uma outra coisa também
é que as assessorias de imprensa cresceram
mais do que as redações, muito mais.
E são fábricas de fontes. Então,
qualquer pauta que o jornalista pega, ele liga
para o assessor de imprensa. Nem liga direto para
a fonte primária, ele liga para o assessor
de imprensa. A maioria das fontes anônimas
são assessores de imprensa!
São
intermediários de quem de fato está
envolvido no assunto?
Exatamente.
Isso é muito ruim. Aí que surge
tanta fake news.
Fake news não é só coisa
de bolsonarista tarado, sabe? Os jornalistas da
grande imprensa também praticam! Não
é que eles inventam a história,
mas eles ouvem qualquer história e publicam
como se fosse um fato.
Falta
então essa questão crítica,
esse apuro, essa dedicação e tempo
gasto. Porque essa pasteurização
prejudica o público, é isso?
Exatamente
isso, o prejudicado é o público,
a sociedade.
Nessa
crítica envolvendo as fontes, sua avaliação
é que o jornalismo piorou?
Piorou
muito, muito. Principalmente por causa dessas
fontes anônimas, das matérias em
off. A maioria das matérias é em
off. É o jornalismo preguiçoso e
tendencioso. O jornalista tem uma tese e aí
vai procurar fontes para justificar a tese dele.
Mas não diz quem é a fonte.
Ricardo Kotscho,
um dos cinco jornalistas brasileiros contemplados
com o Troféu Especial de Imprensa da ONU,
além de conquistar quatro prêmios
Esso de Jornalismo
Análise
Um
dos destaques da edição deste ano
do relatório anual sobre jornalismo digital
do Instituto Reuters de Jornalismo da Universidade
de Oxford é como o público mais
jovem dá preferência às redes
sociais e influenciadores como fontes de notícias,
no lugar de meios de comunicação
tradicionais ou digitais. O fenômeno não
é novo, mas o seu crescimento é
preocupante, especialmente agora, com a inteligência
artificial generativa abrindo as portas para uma
produção ainda mais sofisticada
de fake news.
O
curador do Midia.Jor, Lúcio Mesquita, conversou
com Marcelo Fontoura, professor de jornalismo
da PUC do Rio Grande do Sul, especializado em
jornalismo digital, jornalismo de dados e desinformação.
O objetivo da conversa foi explorar os tipos de
fontes no mundo digital, os riscos de usarmos
influenciadores como fontes e as oportunidades
que o mundo digital também gera para as
redações.
Mas,
para começar, Marcelo Fontoura analisou
o papel crescente de influenciadores e redes sociais
como fonte de informação para o
público, como realçado pelo Instituto
Reuters.
Fontes
artificiais
Os
avanços da inteligência artificial
trazem com eles consideráveis preocupações
nas redações, com riscos reais em
termos éticos, mas também práticos
como o potencial de jornalistas serem enganados
por fontes de informação falsas
e, claro, a possibilidade de redações
serem enxutas ainda mais com a substituição
de repórteres e redatores por ferramentas
de inteligência artificial generativa, como
o ChatGPT. Na realidade, algumas redações
já estão passando por este processo
e muitos donos de empresas de comunicação
veem IA como uma forma de reduzir custos, sem
pensar muito nas consequências.
Mas
outras começam a usar IA para ajudar com
tarefas mais simples, como transcrição
de conteúdo, e produção de
notícias básicas a fim de liberar
os jornalistas para a geração de
conteúdo especial e original.
Portanto,
nem tudo sobre IA é notícia potencialmente
ruim. As possibilidades de ser uma ferramenta
positiva para jornalistas também são
enormes e um dos especialistas que está
trabalhando para criar produtos de IA que possam
ajudar jornalistas, e não prejudicar, é
Konstantinos Zachos, da City,
University of London. Ele é o Chief
Technology Officer tanto do Centro Nacional
de Criatividade via IA no Reino Unido como da
Ject.ai, um serviço que surgiu da universidade
dedicado a usar IA como ferramenta para redações.
Em
entrevista com o curador do Mídia.JOR,
Lúcio Mesquita, Kos Zachos explorou como
ferramentas como a Ject.ai (ainda não disponível
em português) podem servir de fontes adicionais
para jornalistas. Mas, para começar, Zachos
explicou a diferença entre Inteligência
Artificial, machine learning e IA Generativa.
A
fonte sagrada – o papel das fontes e
dos vazamentos no jornalismo
Ter
uma boa fonte ou acesso a informações
exclusivas não basta. O bom jornalista
tem que confirmar a informação e
contextualizá-la, especialmente quando
estiver lidando com denúncias. A observação
é de Ricardo Viveiros, um jornalista que
sabe o que diz, com uma longa experiência
tanto como repórter e editor nas principais
publicações e emissoras do Brasil,
mas também como especialista em comunicação
empresarial. Ricardo Viveiros também é
professor e autor de diversos livros, o mais recente,
‘Memórias de um Tempo Obscuro’,
sobre os desafios encontrados por jornalistas
durante o governo Bolsonaro e, em conversa com
o curador do Mídia.JOR, Lúcio Mesquita,
ele explorou questões como o uso de vazamentos
e documentos legais como delações
premiadas e a importância da fonte para
o jornalismo.
EDIÇÕES ANTERIORES
2022:
mídia.JOR 8ª edição –
Agenda ESG do Jornalismo
A edição do Mídia.JOR de 2022 teve como objetivo
ajudar os profissionais da comunicação a melhor entenderem
o que é ESG, qual é o contexto internacional, as oportunidades
e riscos que existem na cobertura e qual é o papel do jornalismo
na cobertura da agenda ESG.
Hoje em dia, é praticamente impossível encontrar uma
grande empresa que não tenha políticas de ESG. O conceito,
do inglês Environmental, Social e Governance, surgiu como
uma ideia na ONU de convencer o mundo das finanças a considerar
não só lucros, mas também fatores ambientais,
sociais e de transparência no momento de decidir em quê
investir.
2021:
mídia.JOR 7ª edição
– Futuras Gerações
A transformação da mídia nas últimas
décadas trouxe pouco de positivo para os veículos
tradicionais, especialmente os jornais. Eles caíram
numa dura guerra pela sobrevivência, com diversas
frentes abertas ao mesmo tempo: queda de audiência
e circulação, a migração
da verba publicitária para os gigantes digitais
como Google e Facebook, e ataques constantes de políticos
que descobriram que a melhor maneira de disseminar ‘fake
news’ é acusar falsamente os meios de comunicação
de serem responsáveis pelas notícias falsas.
2020:
mídia.JOR 6ª edição
– O Dono do Conteúdo, na era do jornalismo
compartilhado
A expertise de jornalistas brasileiros e estrangeiros
para discutir, analisar e compartilhar experiências
sobre os tipos de conteúdo que estão despontando,
as diferentes formas de difusão e a sustentabilidade
econômica.
2019:
mídia.JOR 5ª edição
- Inteligência Artificial no Jornalismo
O potencial da IA para gerar um jornalismo mais forte,
com base na expertise de redações brasileiras
e internacionais.
2018:
mídia.JOR 4.0 - O Jornalismo Exponencial
Discussões e experiências da indústria
4.0 e das novas tecnologias para o futuro do jornalismo.
2014:
mídia.JOR 3ª edição
- O presente e o futuro do jornalismo e da comunicação
Debates sobre jornalismo e tecnologia, o mercado publicitário,
invasão de privacidade na cobertura do entretenimento,
e anonimato na era digital.
2013:
mídia.JOR 2ª edição
- O jornalismo contemporâneo e a complexidade
da profissão
Destaque para os desafios na cobertura de conflitos,
a cobertura esportiva, a vida dos correspondentes e
o jornalismo investigativo.
2012:
mídia.JOR 1ª edição
- 25 anos de IMPRENSA e as mudanças no jornalismo
Celebração do aniversário de IMPRENSA
com homenagem ao jornalista José Hamilton Ribeiro.
Debates sobre os rumos e as mudanças no jornalismo,
com foco na sua visão como negócio, os
desafios da cobertura 24 horas e a informação
globalizada na mídia.
CURADOR
Desde
2019, o jornalista Lúcio Mesquita se dedica a pensar
junto com os diretores de IMPRENSA os principais temas relacionados
ao jornalismo e mercado no Brasil e no mundo para trazer o
que tem de mais inovador no Mídia.JOR.
Lúcio
Mesquita, reside na Inglaterra há mais de
20 anos, é executivo de empresas de comunicação,
editor de jornalismo e consultor com experiência em
liderança de equipes e organizações locais,
nacionais e internacionais. Foi diretor-chefe da BBC Américas
e Europa, da BBC Monitoring, entre outros cargos de chefia
na BBC de Londres. Atualmente é consultor da Innovation
Media, trabalhando em projetos de inovação
da mídia na Europa, América, Asia e Africa.
FICHA TECNICA MÍDIA.JOR 9ª EDIÇÃO
.
•
Projeto: Sinval de Itacarambi Leão, Lúcio
Mesquita e Alexandra Itacarambi
• Curadoria: Lúcio Mesquita
• Direção geral: Alexandra Itacarambi
• Design de ambiente digital: Marco Vieira
• Solução e desenvolvimento de web:
Paulo Toledo
• Direção de arte, edição
e finalização de vídeo: Cris Pedott